"Todo hábito tece em torno de nós uma teia
sempre mais sólida de fios de aranha; e logo percebemos que os fios se tornaram
lagos e que nós mesmos ocupamos o centro, como uma aranha que se prendeu a si e
que deve viver de seu próprio sangue. É por isso que o espírito livre odeia
todos os hábitos e regras, todo o duradouro, o definitivo, é por isso que
recomeça sempre, com dor, a romper em torno dele a teia: embora deva sofrer em
conseqüência de muitos ferimentos, pequenos e grandes – pois é dele próprio, de
seu corpo, de sua alma, que deve arrancar esses fios. Deve aprender a amar onde
odiava e vice-versa. Não deve até mesmo ser impossível para ele semear os dentes
do dragão no campo onde recentemente fazia correr os chifres da abundância.
Disso se pode concluir se ele é feito para a felicidade do
casamento".Nietzsche